Esse cheiro do teu perfume que me visita todos os dias, as cores dos teus olhares, o brilho do teu sorriso, o abraço confortante, as brincadeiras e a prontidão pra me escutar sempre que eu precisasse, fosse pra confidências ou para as maiores besteiras era a você que eu recorria e era você que eu sempre tinha. Eu te tinha, e agora? Como eu sobrevivo sem o teu amor? E essa dependência que não me abandona? Na verdade, eu já fiz de tudo pra te expulsar daqui de dentro de mim, mas tem sido difícil, ninguém sabe o quanto eu luto pra te matar aqui dentro e quando percebo que tá sendo em vão... Desmorono. A última coisa que eu fiz foi escrever bem grande no meu quarto: DESAPEGO! Pra todas as vezes que eu passar e vir, repetir com firmeza, três vezes pra ver se concretizar, quem sabe eu consigo. Já usei as maneiras mais simples e as mais complexas e foi em vão, você me invade e toma conta de mim sempre.
Sempre tive medo de soltar da tua mão e tentar me equilibrar com as próprias pernas, nunca soube andar sozinha. Faltava ar, faltava chão. Você não sai de mim, por mais que eu lute! É um veneno que está impregnado e mata aos poucos. Quando eu tô bem é com você que eu quero compartilhar, quando eu tô mal é o teu ombro que eu quero pra chorar, nele eu tenho segurança pra contar meus medos e minhas fantasias, e eu sei que não deveria ser assim, uma vez que só quem quer sou eu. Você não corresponde e isso me dói. O teu telefone ainda tá gravado na minha memória e involuntariamente eu me pego te ligando, quando percebo tô ali igual a um cachorrinho farejando o dono, indo ao teu encontro. É inevitável. Te aproveito e sacio a vontade que eu tenho de você, mato a saudade sem me preocupar com nada e é só depois de tudo que eu te olho e te percebo realmente. Nem aí pra mim. A saudade era tamanha que eu nem me dei conta de que você não tava me querendo, tava apenas me aceitando. Sabe amor-próprio? Eu não sei o que é isso faz muito tempo. Você sempre me magoa, pisa em cima, faz ferida sabendo que vai sangrar, me expulsa depois de me enganar e ainda assim, parece que eu prefiro me iludir.
Eu não sei dizer o que é, mas mais forte que eu, eu quero só você. Ainda olho no teu olho e sussurro um ainda te amo, quando você simplesmente ri e diz pra eu te esquecer. É fácil falar pra esquecer, dizer que o que não deu certo não dará nunca mais, mas na prática é tudo desigual. Eu te mato e te ressuscito toda vez que a saudade grita, mesmo olhando em outros olhos, tendo os maiores carinhos e um amor tão grande por mim, a tua falta é grande, me incomoda, me faz mal.
Agora eu tô na filosofia do tudo vai passar, resolvi soltar tua mão, vou me equilibrar e seguir sozinha, andar com as próprias pernas, usar as minhas forças, enfrentar a dor, jogar fora os presentes que enfeitam meu quarto, queimar as cartas que você me escreveu, riscar o teu número da mente e matar tuas lembranças. Vou procurar o tal do amor-próprio e escrever na minha testa ‘tô feliz’ pra toda vez que olhar no espelho lembrar que eu te matei do meu coração e que tô vivendo bem sem você. Enquanto não superar cem por cento eu sei que vai continuar doendo, mas eu quero conseguir. E querendo de verdade, com todas as forças que eu descobri que posso ter se eu quiser, eu posso, eu consigo não te pertencer. É missão diária que tem que ser cumprida por mim, excepcionalmente por minha causa.