terça-feira, 31 de agosto de 2010

Coisas do tempo


Não precisa me entender, nem eu o faço...
Não me reconheço e nem noto o que em mim acontece
Olhei pro espelho e meus olhos estão tão diferentes
Eles que eram tão radiantes, agora estão cinzentos, sem brilho
Mudei e não percebi, o espelho se encarregou de me informar
Meu semblante cansado denuncia a minha falta de amor
Os afetos estão lá no fundo do baú, esperando serem lembrados.
Tento me refazer enquanto a ferida dói, machuca e parece não querer sarar
Preciso com certa urgência de uma dose de amor, daquelas que embriagam fácil
Daquelas que nos deixam sentir como se estivéssemos a flutuar
Dormir embriagada e acordar com a ressaca que me fará
Jogar água na cara e esquecer os incômodos
Que me fazem querer desistir de mim nesses últimos tempos
Olhar o espelho e desejar que ele vá pro inferno junto com os problemas
Que leve o cinza do meu olhar e devolva o brilho que me faz uma falta enorme
Pra que eu possa voltar a sorrir e ser mais feliz!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Um norte


Com a cara enterrada nessa lama podre
Incessantemente quis desvencilhar-se desse nada
Inventaria um novo mundo
Dessa vez, só dela
Sem pessoas, sem problemas, sem expectativas

Almejava ser livre
Tanto quanto as borboletas
Procuraria razões pra explicar tudo
Embora fosse muito difícil encontrar tais razões
Nos passos, descompasso
Na sua sombra, um ser desconhecido

Quis sair de si
Necessitava buscar outros rumos
Remar em outras marés
E um dia, no retorno
Observar tudo, de todos os ângulos
Olhar a todos, olhos nos olhos
E enfim, evidenciar seu triunfo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Só pra você saber

As estrelas enfeitavam o céu enquanto a lua sorria fazendo-a lembrar daquele que ainda vivia nela, inevitavelmente. Decidiu movida pelo sentimentalismo escrever-lhe o que há muito precisava dizer e não o fez, diante daquele luar rabiscou o seu desabafo. 
“Meu bem... 
não por acaso o tempo cruzou os nossos caminhos, eis que depois de tempos nós nos encontramos, agora como adultos nós recordávamos uns poucos momentos de tempos atrás e eu era ainda a mesma guria, digamos que apenas um pouco crescida. Em nós tudo se encaixava, os pensamentos, os olhares, os sorrisos, os abraços, e as besteiras compartilhadas nas nossas conversas sem fim, tudo culminava para um momento especial que aconteceu perfeitamente. Sem saída, as palavras não expressavam o que eu realmente sempre quis te dizer, a vida nos proporcionou uma convivência, esta que não quisemos nos livrar, era o nosso começo... Ficaste responsável por mim (“tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, ainda lembras?), como eu te prometi, cuidarei de ti independente das circunstâncias, na presença eu tentei preencher as lacunas que o tempo insistiu em criar e na ausência eu te entrego a Deus pedindo que Ele cuide de ti por mim. Eu desejo estar aí pra ouvir os teus desabafos e te abraçar quando nada puder dizer, queria te oferecer a minha companhia em todos os momentos, porém os empecilhos existem e, mais uma vez, te entrego a Deus, assim acredito que tenho cumprido minha promessa. Há em mim uma saudade imensa de ti, o desejo incansável de te lembrar que mesmo longe eu estou sempre contigo. Quero que tu saibas que o nosso fim não chegará enquanto o destino não se cumprir; sem escolher, éramos destinados, somos ou seremos. Eu sei, aliás, suponho, porque nada me é completamente certo, que no fim nós estaremos juntos como foi num passado não tão distante, compartilhando palavras, pensamentos, sentimentos, sorrisos, besteiras... E eu queria te pedir apenas uma coisa: me deixa continuar cuidando de ti? Pode continuar sendo assim mesmo, de longe, me basta saber que estás bem, pra mim é tão bom saber que estás feliz, com isso pode ter certeza, eu ganho o meu dia. Me permite continuar assim, sabendo que me fazes tão bem porque dessa forma, quando eu olhar o céu e a lua me sorrir, eu estarei aqui lembrando de ti e pedindo que ela invada a tua janela pra te entregar um sorriso meu, já que não podes me ver. Meu desejo era, na verdade, deixar a lua sorrir pra nós dois enquanto eu fosse aí te encontrar pra preencher esses braços que tenho certeza, ainda me esperam pra um abraço, aquele que ainda me faz tanta falta. Mas, pra não me estender, eu queria dizer que esses rabiscos aqui são apenas a metade daquilo que ainda me falta te dizer, eu continuarei pensando em ti, mesmo longe, mesmo sem te ver, sem falar contigo, mesmo com tantos porêns, isso aqui era só pra você saber que em mim há ainda muito de ti e que não há como te expulsar daqui de dentro assim como quem rasga as cartas que não servem mais e as queima sem nem um pouco de dó. Ainda estás em mim, e só pra não esquecer, eu ainda te adoro tanto quanto antes! 
Vou ficando por aqui, com a saudade de ti e a companhia da lua e das estrelas. Beijo.” 
Com os olhos cheios de lágrimas guardou a folha que um dia talvez chegasse ao destinatário, sem pretensão, apenas como um desabafo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Em tudo, você!


Tracei metas, caminhos, esbocei meu destino
A minha vida estava planejada
E não havia espaço pra você.

No entanto, os caminhos mudaram
As estradas estavam irreconhecíveis
Uns atalhos persistentes
Tentavam me levar a você
E eu continuei tentando me desviar
Mesmo assim, em todos os momentos
Você se fez presente em mim, como uma invasão

Corri contra o tempo, contra o rumo
Busquei outras pessoas, queria fugir de você
Caminhei por diversos lugares me esquivando
Cansei! Constantemente volto pra você

Sem saída, sem rumo, correndo, fugindo...
Caio no teu abraço, que me preenche
Me acalma e faz tão bem
Deixo de fugir, e enfim...
Me entrego a você.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Feitos pra durar

Acreditei no amor como algo sublime, presença de Deus um para o outro, perfeitamente você foi uma dádiva d’Ele pra mim e sendo assim, eu prometi que cuidaria do meu presente como um cristal, zelaria como faria com esta raridade. 
Como num despertar de um sonho você apareceu dando vida e cor a esse mundinho antes tão cinzento e vazio, pluralizou a minha infinita singularidade e, de repente estávamos nós tão envolvidos sem se quer darmos conta. É complicado explicar o inexplicável, amor acontece e ponto. Pois bem... Sendo assim, não explicaremos! Não há razão que nos defina, nem emoção suficiente para tanto, tudo extrapola. Ninguém conseguiria explanar, nem nos livros, nem nos filmes mais bonitos e emocionantes, nem as músicas e os poemas mais lindos, enciclopédias inteiras ainda não seriam suficientes para definir a nós dois. 
Te olhar é como fazer poemas, há poesia nos teus gestos mais singelos, estes que me despertam um exasperado desejo de expressar nas minhas humildes palavras tanto sentimento. Em vão... Eu não sei definir sentimento, amor não precisa de definições para ser, eu acho. Prometi cuidar de você e assim farei, cuidarei nos mínimos detalhes, admirarei cada aspecto em todos os instantes. Viveremos etapas, faremos delas as mais lindas e marcantes, feito uma criança que cuida da primeira boneca como se nunca mais fosse ganhar outra, como o desejo de aprender a andar na bicicleta o mais rápido possível no intuito de livrar-se das rodinhas pensando em quem poderia um dia carregar no bagageiro, como tornar-se adolescente, sentir as batucadas dentro de si com o primeiro amor e ficar vermelhinha logo após o primeiro beijo, como comemorar com as amigas debutantes a sua festa de quinze anos, como vibrar com a vitória da entrada à faculdade, enfim... É como juntar todas as alegrias de uma pessoa em uma coisa só, nós dois, sim, digo uma só porque somos um, mesmo em dois. 
E quando um dia eu não mais puder te admirar e compartilhar contigo a minha vida, peço-te que disto não esqueça: Pra mim, o nosso amor foi a coisa mais linda que poderia um dia me acontecer, você foi a pessoa que mais me entendeu nesse mundo e sendo assim, no infinito ou aqui, fomos feitos pra durar.

sábado, 7 de agosto de 2010

Pra quem eu amo sem moderação


Em linhas não se descreve tanto amor
Há tanta sinceridade, tanto querer bem
Tanta reciprocidade explicita no olhar
Cada gesto denuncia um “eu te amo”.

Um exemplo de ser humano
Alegria nos dias tristes, companhia na solidão
Colo, consolo, afeto, amor, sentimento e razão
O melhor presente que Deus poderia me dar

A ti, a minha mais sincera gratidão
Pelo amor tão sincero que demonstras
Pela vida a mim dedicada em amor
Simplesmente na tua paternidade
Obrigada por ser amigo e irmão...
Meu heroi, meu companheiro, meu pai!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma taça de vinho, por favor!


Jogou água no rosto retirando o que restava da maquiagem borrada pelas lágrimas de uma noite inteira regada a vinhos e cigarros, vestiu-se impecavelmente, caprichou em cada detalhe, refez a maquiagem, estava exatamente como ele adorava vê-la, a esperança ainda era sua aliada, deixou no chão os cacos espalhados, fechou a porta deixando para trás os restos de insônia que estavam presentes na casa e saiu sem rumo. Caminhou pelas areias daquela praia como se revivesse cada momento que passaram juntos ali, relembrava com certa emoção o passado quase presente, afinal, não estava tão longe assim, sandálias nas mãos, sem destino, quando de repente viu-se ali, no bar que freqüentavam juntos e brindavam a felicidade.
Diante do balcão havia tudo, cervejas, uísques, vodkas, refrigerantes... menos o que ela insanamente desejava: ele sentado ao seu lado na mesa do canto, oferecendo-lhe delicadamente uma taça de vinho e fazendo juras de amor. Voltou-se para o garçom e pediu: - Traga-me, por favor, o vinho de sempre, aquele cigarro e a minha companhia, não importa o valor, eu quero já o meu pedido na mesa onde costumo ficar!
- Sim, senhora! – o garçom saiu sem saber o que fazer, preparou o vinho, os cigarros, mas, a companhia não. Dessa forma, iria tentar convencê-la a aceitar o pedido incompleto.
- Senhora, senhora... aqui está, posso trazer-lhe apenas o que tenho disponível no bar! Calou e com o consentimento silencioso dela, saiu, deixando-se a sua inteira disposição.
Bebeu sozinha, fumou e olhando os casais que ali estavam, chorou. Deixou as cinzas na mesa, a taça caída com o vinho, o pagamento ali e foi embora. Ele não a amava, não estaria mais com ela para ir ao bar, tomar o vinho, fumar os cigarros e jurar amor eterno, isto sim parecia ser para sempre. Precisava esquecê-lo, embora ainda não houvesse encontrado de forma alguma um meio de fazê-lo, por onde passava, lembranças em turbilhão ficavam na sua mente e ele não aparecia, não passava de lembranças constantes. Se foi, agora era para sempre. E, para esquecer tudo isto, um último pedido: - uma taça de vinho, por favor!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Nessa busca, serei sempre outra, enquanto for alguém


Enquanto eu te pedia que ficasse
Torcia que você fosse embora, pra sempre
Que me libertasse dessa prisão e,
Me deixasse viver a minha vida
Esta que eu nunca soube que existia

Você está na minha casa, nos móveis
Nos banheiros, na cozinha,
Impregnado nas minhas roupas
O seu perfume vive em mim

Como se estivesse numa prisão
Vivo só por você, não existe eu
Na verdade, nunca existiu, suponho
Comecei a viver depois de conhecer você
Antes tudo era inércia

Os verbos não se conjugam na primeira pessoa do singular
E, para saber quem de fato sou
Pra que exista finalmente um eu
Eu te peço que se vá, pra sempre.
Assim, eu poderei chamar de minha
A minha vida!